segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pensando sobre "homens-barata"

Nos últimos tempos tenho questionado algumas coisas e já é tarde demais pra não enxergar aquilo que poucos vêem e muitos preferem não ver...
Claro que isso tudo tem um por quê, e para explicar isso poderia falar das leituras que tenho feito, das decepções com os "homens-barata", das reflexões que alguns amigos me levam a fazer... enfim, vou contar um causo que reflete bem essa minha falta de saco o ojeriza para com algumas situações e pessoas.

Numa certea noite, em um certo lugar, tudo estava indo como costuma ser. Já havia uma boa dose de alcool aquecendo os corpos e mentes e as pessoas começavam o ritual de dança e olhares. Tudo muito igual, como sempre.
Eis que um rapaz com uma beleza que eu saberia aproveitar muito bem em outra época, me convida para dançar. O ritual continua e, depois de trocar meia dúzia de palavras vazias, me fala que tem namorada, mas que mesmo assim ele queria terminar aquela noite comigo.
Eu pensei "não é possível! o cara tá brincando né?!". Recusei o convite e o "homem-barata" parecia não entender o meu não. Então eu disse: "Se não tens nada para dar ao outro além de uma ereção, é melhor nem dar nada."

Foi muito interessante isso ter acontecido logo no momento da minha vida que estou pensando sobre...

Nada contra a liberdade para transar com quem se quer e na hora que quer. Quem me conhece sabe que não há nada de moralismo nesses meus questionamentos. A questão é a falta de respeito com nossos corpos. O problema é fazer sem sentir, e fazer isso sempre. Repetir e repetir, sem que nada te acrescente e te eleve como pessoa.

Homens-barata, estou fora! Aliás, será justo chamá-los de barata? Farei deste animal mais asqueroso do que ele já é? E será que estes homens sobreviverão mesmo com a bomba-atômica?

Lamento.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Rizoma


Meu amar é um rizoma. Costumo amar montando as partes, fragmentos desconexos que me dão a sensação de satisfação diante da minha busca. Formando uma rede de afetos.

Afeto e sou afetada.

Devo admitir que muito me agrada aqueles olhos e o ar de menino. Embora também aprecie a massagem feita nos meus pés. Tão doce é aquele rapaz quando olha pro horizonte procurando o nada. E o que falar daquele cheiro que fica na minha pele e das conversas que temos sobre nossos desencontros com outros corpos? Que alegria sinto ao escutar tuas mentiras sinceras! Acho graça quando apontas minha frieza, a qual alguns costumam chamar de loucura...

Melhor seria nomear isso de potência! Criação e invenção de modo de vida.

Falho em juntar esses elementos, mas usufruo de todos, separadamente. Mastigando pedaço por pedaço. Aprendendo. Evoluindo.

Muito longe da solidão é onde estou. Por isso tenhas certeza que tua parte não fará falta quando tiveres que ir embora.
Z. Müller

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

De nossos encontros, fizemos uma incrível diversão. Um verdadeiro jogo. As palavras, ao invés de serem ditas, foram pensadas. Tudo tão planejado e raciocinado que quando esquecemos a estratégia já estávamos a beira de um abismo.

Íamos caindo de mãos dadas. Mas não conseguimos sustentar esse desespero que é sentir-se perto um do outro. Foi o suficiente para termos medo.

Mas logo retornamos ao solo seguro. Éramos dois distantes e só o que se tocavam eram nossos corpos. Cheios de dúvidas e receios.

Escolhas? Renuncias? Pensamos demais, sentimos de menos. Há quem diga ser um sintoma da nossa atual sociedade: medimos, calculamos, traçamos metas e parâmetros. Nos aproximamos para logo após nos afastarmos e nos esquecermos. É assim que vai ser?

Como eu queria que não fosse assim. Mas meu querer é o que me deixa mais distante de ti. Pois não consigo mais olhar nos teus olhos.
Sim, prefiro te dar minha pele e meu desejo do que ceder aos teus olhos, que outrora pareciam tão doces.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

VIDA

Como diria Clarice Lispector: “quem não é um acaso na vida?”. Nascemos chorando.
O tempo passa e precisamos fazer alguma coisa com isso que se chama de vida. Aos poucos ela vai tomando forma, ganhando sentido. Nos apropriamos de modos de vestir, falar, interagir. Tentamos esquecer da nossa finitude. Rezamos.

Assistindo a um programa sobre a possibilidade das pessoas viverem com saúde até seus 130, 150 anos, ou até mesmo a promessa da imortalidade anunciada por alguns cientistas, comecei a pensar sobre “pra que tudo isso”? Quem suporta viver tanto tempo?

Imagine que serão, pelo menos, 50 anos a mais para trabalhar, para fazer escolhas, para amar e sofrer, pra ter filhos e se preocupar com eles... mal sabemos o que fazer com 70, 80 anos de existência. Nossos velhos estão cheios de saúde e sem ter o que fazer!

Mas para aqueles que tem muitos planos, fica aí uma esperança.

Eu me contento com poucos e bem aproveitados anos, até por quê... viver às vezes dói demais... e cansa!