quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Procuro amigos como quem cata conchas"


"Procuro amigos como quem cata conchas,entre praias, areias e pedras escorregadias.Não tenho pressa. Escolho. Pulo as ondas.Deixo o tempo me entreter em suas manias.Quando encontro, ponho logo na coleção,aquele lugar reservado desde sempre. Alguns dão trabalho, peças exigentes,outros acomodam-se dóceis ao coração. O mar as vezes me traz algas, guardo-as também. Não sou devoto das formas convencionais. No mais, não sou fiscal de conchas.Que mal tem se não pergunto nem exijo credenciais?Arrisco. Meto a mão. Danem-se os caranguejos." (R Rosa).

Se você já catou conchas, deve entender o que o texto àcima fala. A arte de "deixar vir" os amigos. De se deixar encontrar pela concha que o mar traz.
Para mim, fazer amigos é um ato de bondade, pois a amizade é tão simples que chega a dar medo do quão fácil é a gente ser bom.
Eu costumo trazer um potencial amigo para perto de mim, saber olhar suas qualidades e aprender a lidar com seus defeitos.
As conchas que encontrei no caminho são muito diferentes umas das outras, trazem consigo histórias e medos distintos. Cada uma me exige uma certa maneira de dizer as coisas, de tocar... o que não me impede de ser eu mesma.

Amizade verdadeira é um ato de confiança e paciência. É poder deixar-se tocar pelo outro, inclusive por seus defeitos e mesmo assim continuar ali. Por mais que o tempo passe, por mais que os interesses mudem.

Os amigos são nossas escolhas. Por isso pode ser tão pesado ou tão leve carregá-los conosco.

Um grande abraço àqueles que se encontraram no texto!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

“Cada palavra que da tua boca sai
Fala de um medo mortal

Tens só teus vinte e poucos
E já faz tantos planos para a dor

Se pudesse te dizer alguma coisa
Diria que não te preocupes

Não te assuste com a tristeza do fato:
O amor pode ser mesmo insalubre



Ao me veres sorrir
Não podes imaginar o quanto chorei

Mas as lágrimas de dor são como um banho
Que limpa nossa alma



Tens razão, sou dotada de alma
E te digo que só não tem uma quem nunca amou

O abrigo que desejas só encontrarás no retorno ao ventre
E já estás demasiado crescido

Minha agonia e teu receio
Falam línguas diferentes

Se pudesse te pedir alguma coisa
Diria sem meias palavras:

Não tenhas pressa em andar devagar
Tampouco deixes de caminhar.”

Z. Müller

domingo, 25 de outubro de 2009

...

"Da origem do teu nome
Brilhante
Amas a Lua tal como o Sol
O mar e as estrelas

Da luminosidade vem tua essência
Irradiando o que de belo existe na natureza
E das forças que vibram dela
Tiras a tua

Teu semblante, sempre distante
Revela um corpo que vibra
Na tua luta diária
Travas uma batalha infinita

Corre, pára!
Tal como a chuva que vem e cessa
Esperando uma trégua do Sol
Para fazer-se cair

Mistura-se em meio às cores
Arco-íris
Multiplica-se, tal como as flores
E esse mato que não cessa de nascer

Assim tu és
Misturado entre o cinza e o colorido
Iluminas."

Z. Müller

terça-feira, 20 de outubro de 2009

“uma estranheza toma conta do meu corpo

ele não é mais o mesmo
e minhas mãos estão frágeis demais para segurar

de súbito me invade um grito
que atravessa meus ouvidos e alma

os restos de memória não me são suficientes
preciso de neo-intensidades

meus sonhos são cheios e confusos
e eu desperto com meu próprio chorar

ando com uma pressa desesperada
buscando sei lá o que

disseram que vou encontrar
posto que todos tem uma razão de viver

a despeito disso eu cuspo no meu destino
sem medo de retaliações

minha face toca ao vento
que me leva pra um lugar distante

quando há chuva suficiente eu me deito
esperando que minha pele murche

então me confundo com a terra
e já não existo mais”

Z. Müller

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Das Mentiras

"Falar a verdade é também uma forma de tentar esquecer como algumas mentiras já nos fizeram bem." Z. Müller

Escrevi essa frase pra um amigo a qual uma mentira havia sido revelada e só depois me dei conta do que ela representa.
Você já brigou com alguém, e no momento de raiva falou tudo aquilo que sempre tentou negar, esconder?
Era justamente essa mentira que te fazia feliz, que te dava prazer, mas agora já não precisas mais dela.

A mentira que tu mesmo criastes vem à tona num ato desesperado que só pode ser sentido dessa forma quando se diz uma verdade. Bruta. Crua.

Quando a verdade toma lugar, é porque já não há o que ser escondido, negado. E isso está além do bem ou do mal.

Há mentiras que duram uma vida inteira, que ultrapassam gerações. Pensemos se há mentira maior do que aquela que ouvíamos quando éramos crianças e ecoa em nossa consciência para todo sempre de que "não se pode mentir", ou que "mentir é feio"? A própria boca que nos diz isso nos fala com um cinismo que não tarda para ser reconhecido.

Mentir pode ser um sopro de felicidade. Uma tentativa de criar uma outra realidade, menos verdadeira e dura do que a nossa.

Neste momento as mentiras reveladas brindam suas verdades e lágrimas e pensam como era bom o embebedar-se com mais suavidade.

Z. Müller

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ME PERDOE

Me perdoe
Por fazer tanto silêncio dos meus prantos
E falar tão alto da minha felicidade

Me perdoe
Por sair correndo
E não pensar no rastro de poeira que fica

Me perdoe
Por cuidar tanto dos que amo
E ser tão promíscua com meus afetos

Me perdoe
Por saber que existe fome
E dormir tranqüila na minha cama de molas

Me perdoe
Por sentir vontade voar
E continuar andando de carro

Me perdoe
Por ser um pedaço de pele
Que carrega uma alma

Me perdoe
Por gostar tanto de viver
E ter que morrer um dia

Me perdoe!

domingo, 4 de outubro de 2009

PENSEMOS:

Do que eles tem medo?


Pode ser de altura.
De gordura saturada.

Talvez seja medo de cair no buraco.

Ou será medo da verdade?

Medo.

Da sutileza
Da beleza
Da responsabilidade, quem sabe?

Da prisão?
Do amor?


Pobrezinhos.