terça-feira, 2 de março de 2010

Por uma vida que imita a arte!




Lendo um texto de Hegel (1974), no qual o pensador fala sobre arte, me fez pensar sobre vida. Especificamente a forma como ele entende que uma obra de arte é produzida: livre, espontânea, informal. A arte só existe na medida em que o ser humano é pensante e dotado de necessidade de construção. Uma planta existe, ela “é”, simplesmente. Já ao homem, não basta existir, é preciso formar uma consciência de si, pensar-se, contemplar-se. A arte exterioriza o que o homem é. Também oferece o homem à contemplação alheia. A necessidade do homem de transformar o mundo acaba o transformando a partir desse contato com aquilo que ele chama de arte.
A arte passa longe da objetividade universal, deixemos isso para a ciência. É por isso que os livros de auto-ajuda não nos dão a possibilidade do que eu chamo de “arte de viver”. Se parecem demasiado com a ciência. Por isso são chatos e inúteis quando estamos a falar de VIDA. Eles nos dão receitas prontas, objetivas, esquecendo-se que a distância entre eu e você é um abismo. Mein, em alemão significa MEU, por sua vez Meinen quer dizer OPINAR. O que é meu é opinião, percepção subjetiva. Não há como universalizar a opinião, pois é o que me constitui.
Mais além, Hegel traz a noção de maturidade do artista, o que me fez lembrar uma colocação de Fernanda Young no seu programa, onde ela se referia às suas primeiras produções artísticas como intempestivas, dotadas de muita paixão e pouco trabalho.
Arrisco-me a fazer uma analogia da vida com a arte e sugerir que tudo o que falamos, pensamos, produzimos no contato com o outro, com a sociedade, com o trabalho, com amigos, amantes, filhos e natureza, deve ser entendido como um processo de maturação. Porém, o start é sempre instintivo, cheio de paixões, desejos.

Quem nos ensinará a arte de viver? Quais regras vão mudar meu modo de enxergar e engolir a vida. A vida só muda no contato, no encontro, quando se toca algo que nos transforma. Estejamos mais atentos à isso e até o contato com a tristeza fará nossa arte/vida evoluir, amadurecer!


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