quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Suicídios na France Telecom

Hoje vim falar sobre um assunto muito sério. Um assunto que diz respeito à todos nós, de alguma maneira, seja como trabalhadores, seja como cidadãos responsáveis e críticos.
Há alguns dias atrás estourou a notícia da onda de suicídios numa empresa de telecomunicações da França. O último dos suicídios foi registrado na sexta-feira passada (11/09), quando uma mulher de 32 anos se jogou pela janela de seu escritório. Já foram 23 desde metade de 2008.
A France Telecom era uma empresa estatal até três anos atrás e hoje o Estado controla apenas 26,7% do capital.
Ocorreram muitas trocas de funções, transferências para outras cidades e (obviamente) um grande enxugamento de funcionários. Mais de 20 mil pessoas foram demitidas!
Sabe-se que o processo de reestruturação produtiva favorece o isolamento e a insegurança em relação ao futuro, dificulta a criação de defesas coletivas e de proteção, predominando o uso de defesas individuais de adaptação, onda “cada um se vira como pode”. Assim, o sofrimento vivenciado pelo trabalhador, que certamente diz respeito à questões sócio-econômicas bem mais amplas, passa a ser individualizado.
Obviamente que nem todas as pessoas vão sentir o impacto das pressões por metas e das demissões da mesma forma, mas agora negar que isso existe é um absurdo!
Precisamos repensar em como estamos trabalhando, onde queremos chegar com isso e porque nos calamos diante daquilo que está escancarado...
A France Telecom prometeu contratar 100 funcionários de recursos humanos para identificar empregados com problemas. Será essa a solução? Não é hora de repensarmos essas questões e criticar quando uma empresa coloca no seu site:

“In the current economic environment, our practice of corporate social responsibility is more than ever at the core of our business strategy.Our priorities can be summarized in three words: include, preserve, care.”

Afirmando que tem uma prática de responsabilidade social como núcleo da estratégia da empresa. “Inclua, preserve e importe-se”, enquanto seus “colaboradores” se matam... que ironia...

Falta de sorte?

Eu duvido.

Aqui temos o adoecimento, representado pelo suicídio, mas que pode se desenvolver de muitas outras formas. Formas que jamais chegarão até a mídia... mas que estão por aí... enriquecendo a indústria farmacêutica que bate recordes de vendas a cada ano de anti-depressivos, anti-ansiolíticos...

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